terça-feira, 31 de maio de 2011

OCUPAÇÃO DA REITORIA DA UFPEL

ESCLARECIMENTO À COMUNIDADE

Em virtude do comunicado emitido pela administração da Universidade Federal de Pelotas, os estudantes participantes da mobilização que neste momento ocupa o prédio da reitoria.

A mobilização foi encaminhada em Assembleia Geral dos Estudantes, no dia 18 de maio do corrente ano, visando alertar a administração desta instituição de ensino acerca dos problemas de estrutura que há muito acometem a comunidade acadêmica. Em diversas ocasiões procurou-se a administração da UFPEL, de forma burocrática, não obtendo sucesso. Foram diversos documentos encaminhados pelo Diretório Central dos Estudantes, pelos Diretórios e Centros Acadêmicos e também por estudantes de maneira individual. Não havendo retorno por parte da reitoria, decidiu-se organizar um ato público na data de hoje.

O ato partiu da Casa do Estudante às 13:00 aproximadamente em forma de passeata, com a participação de aproximadamente 300 estudantes, rumo ao Campus Anglo com intuito de entregar ao Reitor César Borges um requerimento que listava os problemas emergenciais de todos os campi Universidade Federal de Pelotas, entre eles a situação precária das bibliotecas, falta de água potável no Campus Capão do Leão, insuficiência do quadro docente, problemáticas de transporte e segurança, assistência estudantil desproporcional a expansão de vagas ofertadas pela universidade, entre outros. Ao chegar no prédio onde está instalada a reitoria, os estudantes foram impedidos de acessar as dependências internas pelos seguranças da instituição, sendo este fato revertido mediante pressão que resultou na agressão física de um estudante, por parte de um funcionário da reitoria. (Fato este documentado em vídeo). Dado a resistência da reitoria em receber a comissão de 24 estudantes, representantes dos cursos participantes da manifestação, por volta das 18:00 horas os estudantes ocuparam o prédio e exigiram a manifestação do Reitor César Borges.

O reitor César Borges, após ouvir as reivindicações, manifestou que a Universidade integra um plano nacional de educação, o qual é apoiado pela União Nacional dos Estudantes, entidade esta que segundo o reitor representa os estudantes presentes. Frente a esta manifestação os estudantes que não se sentem representados pela a entidade citada (UNE) e que já haviam aguardado mais de 3 horas para serem recebidos, não aceitaram tal declaração e o reitor César Borges retirou-se do local, retornando ao seu gabinete.

Em nova assembleia realizada nas dependências da reitoria, deliberou-se por ocupar o prédio até que o Reitor César Borges emita uma convocatória de Assembleia da Comunidade,que deverá ocorrer em até uma semana, com data, horário e local, a qual deve ser presidida pela Associação de Docentes da Universidade Federal de Pelotas (ADUFPEL), pela Associação dos Servidores da Universidade Federal de Pelotas (ASUFPEL) e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Nesta ocasião deverão se fazer presentes todos os pró- reitores desta instituição de ensino, bem como o próprio reitor. Também solicitou-se que na ocasião da Assembleia da Comunidade, a administração desta universidade comprometa-se em solucionar as problemáticas mais agravantes com urgência. Este documento foi encaminhado ao reitor César Borges e até o presente momento, não recebemos respostas. Sendo assim, seguimos mobilizados nas dependências da reitoria da Universidade Federal de Pelotas, comprometendo-nos a desocupar o prédio tão logo esta solicitação seja atendida.

Reiteramos que em nenhum momento utilizou-se de violência e nem houve depredação de patrimônio público por parte dos estudantes, fato comprovado em diversos vídeos que documentam a forma pacifica com que a manifestação foi realizada.


ASSEMBLEIA GERAL DE ESTUDANTES
Pelotas, 26 de maio de 2011.


CONFIRA A PAUTA DE REIVINDICAÇÕES:


— Falta de espaço físico para alunos devido ao aumento desproporcional da relação aluno/espaço;
— Transparência no orçamento da Universidade;
— Iluminação das Unidades;
— Segurança;
— Obras da futura casa do estudante e da creche;
— Proporcionalidade na relação assistência estudantil/aumento de alunos;
— Aquisição de livros sem respeitar listas elaboradas por docentes;
— Obras do projeto Reuni em atraso;
— Aquisição de prédios sucateados para reforma;
— Pulverização dos espaços da Universidade pela cidade de Pelotas;
— Gastos de custeio UFPel;
— Proporcionalidade no aumento de alunos/professores;
— Laboratórios de práticas em condições inadequadas de segurança;
— Descarte de resíduos químicos inadequados;
— Inexistência de Hospital Universitário para áreas da saúde;
— Inexistência de laboratórios, como exemplo, o curso de jornalismo;
— Transferência da pós-graduação para local distante da graduação;
— Aquisição de prédios sucateados sem consultar as universidades envolvidas;
— Consulta à comunidade sobre alterações no Estatuto da UFPel;
— Hospital Veterinário em condições inadequadas;
— Espaços inadequados a portadores de necessidades especiais;
— Cada do Estudante em péssimas condições elétricas e hidráulicas;
— Bibliotecas desatualizadas e com pouco horários de funcionamento;
— Ginásios da ESEF em condições inadequadas;
— Ausência de linha de transporte que integra a Universidade;
— Transporte ao campus de modo insatisfatório;
— Relação de imóveis alugados pela Universidade;
— Destino dos prédios sucateados comprados e gastos com reformas;
— Deficiência orçamentária das Unidades.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

MEMÓRIA DO ME GAÚCHO

Seminário Memórias em Movimento: Um passo à frente na construção da memória do M.E. gaúcho

Nos dias 13, 14 e 15 de abril, realizou-se em Pelotas o “Seminário Memórias em Movimento: Juventude, Cultura e Política”, que marcou o lançamento para a comunidade do projeto que nós, como Instituto Mário Alves, desenvolveremos nos próximos dois anos, como instituição da rede de Pontos de Cultura do MINC, em parceria com a FURG.

Tal projeto, intitulado “Memórias do Movimento Estudantil Gaúcho no Período da Redemocratização – 1977/1985: Juventude, Cultura e Política” irá reconstruir, através de pesquisa em documentos da época e de entrevistas com militantes e dirigentes do ME no RS, a história daquele período, que marcou a rearticulação do movimento após a brutal repressão que sofreram as entidades estudantis nos primeiros anos da ditadura militar. Estas mobilizações, aliadas às greves iniciadas no ABC paulista e aos movimentos populares que exigiam melhores condições de vida, contribuíram fortemente para as grandes mobilizações populares que agitaram o país entre o final dos anos 70 e início dos anos 80 e que culminou com o fim dos governos militares, em 1985.

Desta forma, o Seminário foi pensado como um momento de reflexão inicial para aqueles que estão mais diretamente ligados ao projeto e para todos os interessados neste debate, além de marcar o primeiro momento de diálogo com a comunidade, que é uma das propostas estruturantes do projeto, prevendo ao longo de sua duração, a realização de oficinas, mostras culturais e debates em locais públicos de Pelotas e de outros municípios da região.

Durante o Seminário realizamos seis mesas de debates que contaram com a participação de 17 painelistas, além de uma mostra de trabalhos acadêmicos e de relatos de experiência sobre o tema e, na noite de encerramento, uma apresentação musical do cantador Pedro Munhoz e a exibição do documentário Cio da Terra, apresentado pela primeira vez na região Sul do Estado e que reconstitui os passos do festival realizado pela UEE em 1982, em Caxias do Sul.

O Seminário, realizado no auditório do Colégio São José, contou com a presença de mais de cem pessoas, sendo que tivemos a participação de militantes do ME de outras cidades, como Rio Grande, Porto Alegre e Santa Cruz do Sul.

Em relação aos temas discutidos entre os painelistas e o público presente, podemos destacar a historia de lutas da juventude brasileira, que participou de momentos vitais da história do país, como a campanha “O Petróleo é Nosso” e a Campanha da Legalidade; a trajetória da UNE; as diferentes concepções táticas e estratégicas das diversas correntes estudantis que atuavam no período; a importância da cultura para a disputa de um projeto democrático de sociedade e as lutas que marcaram a reconstrução do ME no RS e no Brasil, além de diversas outras questões.

Assim, o Seminário alcançou seus objetivos principais, ao levantar uma série de elementos que irão contribuir para a construção do projeto durante sua execução e também ao permitir a troca de experiências entre militantes daquele período e aqueles que hoje colocam-se a tarefa de construir um movimento coletivo em uma sociedade que cada vez mais apela para o individualismo.

O desafio está lançado, muita história há para ser contada e registrada sobre um rico período de lutas e conquistas do povo brasileiro. Boa sorte para todos nós!

(Coletivo do Instituto Mário Alves)

Fonte: Instituto Mário Alves

O ACORDO MEC-USAID

MEC USAID é a fusão das siglas Ministério da Educação (MEC) e United States Agency for International Development (USAID). Simplesmente conhecidos como acordos MEC-USAID cujo objetivo era aperfeiçoar o modelo educacional brasileiro. Isto se deu através da reforma do ensino, onde os cursos primário (5 anos) e ginasial (4 anos) foram fundidos, se chamando de primeiro grau, com 8 anos de duração e o curso científico fundido com o clássico passou a ser denominado segundo grau, com 3 anos de duração, e o curso universitário passou a ser denominado terceiro grau. Com essa reforma, se eliminou um ano de estudos fazendo com que o Brasil tivesse somente 11 níveis até chegar ao fim do segundo grau enquanto outros países europeus e o Canadá possuem no mínimo 12 níveis.

Para a implantação do programa, o acordo impunha ao Brasil a contratação de assessoramento Norte Americano e a obrigatoriedade do ensino da Língua Inglesa desde a primeira série do primeiro grau. Os técnicos oriundos dos Estados Unidos criaram a reforma da educação pública que atingiu todos os níveis de ensino. O MEC USAID, na verdade tinha como proposta inicial privatizar as escolas públicas, como não deu certo eles resolveram sucatear a mesma. Antes dele o ensino público era de qualidade depois ficou péssimo como podemos constatar ainda hoje. Matérias como História tiverem sua carga horária reduzida para que estudantes da época não tivessem seus olhos abertos em relação a ditadura.

A implantação deste regime de ensino também retirou matérias consideradas obsoletas do currículo, tais como: Filosofia, Latim, Educação Política, cortou-se a carga horária de várias matérias como em História e outras.

Os líderes estudantis brasileiros discordavam da ingerência de um país estrangeiro nos assuntos educacionais de nosso país. Isto originou diversos movimentos reivindicatórios que foram reprimidos pela máquina ditatorial brasileira. Em função do movimento crescente, aliado a outras reivindicações, as organizações estudantis foram postas na clandestinidade.